quarta-feira, 6 de abril de 2011

Põe um modo compatível com a minha condição

Estuporado, entalado, inquinado...
Tenho vontade de te esmagar, de morder, de te espatifar essa cara, patife!


 Timidez!

Detesto tarefas domésticas! Detesto mesmo! Limpar o pó dá-me tonturas. Aspirar o chão põe-me nervosa. Lavar a loiça dá-me comichão nas mãos e nos pés. É verdade! É verdade: sou alérgica. Se fizer alguma tarefa posso ficar muito doente, muito irritada...
Não era melhor estar a calcular a minha dependência? A minha rude e estúpida dependência por ti... seu estuporado, entalado, inquinado...

Essa ousadia dá-me vómitos:
- Estou com sono. Vou dormir. Espera um bocado. Quando acordar já falamos. Pita. Cresce!
E dizes isto de maneira tão subtil, que se torna impossível aceitar? Percebes? Essa tua naturalidade irrita-me.
- És feia. A outra era bem melhor!
Eu olho para ti, encolho os ombros e tenho vontade de te esmagar.
Essa ousadia dá-me vontade de te esmagar.

A tua pouca sensibilidade irrita-me:
Atendes o telemóvel a toda a hora quando estás comigo e não deixas nunca que eu o faça.
A tua pouca sensibilidade dá-me vontade de te morder.

Confesso. Confesso-to:
A toda a hora tenho vontade de te esmagar, de morder, de te espatifar essa cara, patife! De te esmagar de beijinhos, de te morder as bochechas, de te espatifar essa cara, no sentido integral.
De te espatifar a cara porque a tua ousadia, a tua naturalidade, a tua pouca sensibilidade entranharam-se na minha pele e de forma nenhuma, estão dispostas a sair. 
Não sou alérgica. Não. Ao contrário do que acontece nas tarefas domésticas... 
Há algumas semelhanças, há:
- dás-me tonturas
- pões-me nervosa
Deixas-me senil (e senil é o meu avô).
Deixas-me com tonturas, porque te olho debaixo e porque tens a lata de perguntar:
-Medes quanto? Um metro e meio?
Pões-me nervosa, porque me fazes frente, me mostras como realmente as coisas são e digo-te que assumir que não tenho razão me deixa no auge do nervosismo.
Deixas-me senil, em estado completamente decrépito, ironicamente frágil, porque não sabia ser possível idolatrar alguém, eu que nem deuses idolatro, como posso venerar-te?

Sabes a que tudo isto me soa?
A um imenso paradoxo, porque eu detesto-te pelo facto de não saber viver sem... sem ti. PATIFE!

"Um bem haja à lamechisse!"



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